Há muito que os membros das comunidades anseiam pelo Assento de Nascimento, Cédula ou Bilhete de Identidade.
O facto é que, este sonho estava longe de ser alcançado pois são cerca de 3 horas e meia que distancia estas comunidades dos principais serviços básicos. E por falta destes documentos não conseguem ter acesso a muitos serviços e oportunidades, tal como nos conta o ancião Pedro Salumbe Caenda, conselheiro da associação Cambonga, aldeia de Cambonga.
“Tenho 78 anos de idade, e nunca fui registado.”
“Em 2011 eu era Soba desta aldeia, e pediram a todos os sobas, juntarem seus documentos para receber salários, mas o meu nome foi excluído por falta de Bilhete, porque só tenho registo eleitoral.”
“Muitas vezes tentei tratar a cédula e bilhete na sede do município, mas não consegui, e perdi as esperanças.”
Para mitigar essa situação, a ADRA no âmbito do programa de Advocacia Social e Lóbi, do seu Plano Estratégico 2018-2022, levou a cabo uma campanha de Registo Civil nas referidas aldeias, que contou com a parceria da Delegação do Registo Civil do município da Ganda.
As vias de acesso degradadas não impediram que durante três dias consecutivos as equipas percorressem mais de 108 km/dia de distância, para garantir um dos direitos fundamentais dos cidadãos.
“Com o apoio da ADRA, hoje tenho o meu registo, também sou reconhecido como Angolano, e posso morrer em paz, alguém vai ler a minha biografia através do meu registo.” Acrescentou o ancião Salumbe Caenda.
Esta acção fez renascer a esperança de ter uma conta bancária de Rosalina Muecalia, uma vez que o primeiro passo já foi dado.
“Maior parte da família vive em Luanda e quando ligam para mim, pedem para abrir uma conta no banco, onde passarão a enviar o dinheiro. Mas por falta de bilhete, nunca consegui. Agora que tenho a cédula, já posso tratar o bilhete e assim abrir a conta no banco”. Afirmou Rosalina que não escondeu a sua alegria.
Satisfeitos por adquirirem os seus registos de nascimentos pela primeira vez e sem se deslocarem para a sede do município, agradecem a ADRA e aos técnicos dos registos pelo trabalho realizado, e apelam para que actos dessa natureza sejam feitas repetidamente e em outras localidades.
Esta acção foi desenvolvida pela ADRA com o financiamento da ÁfrikaGruperna (GAS).